Artigo: O dia mundial de luta contra LER e Dort e as perspectivas para os trabalhadores
Por Caê Batista
28 de fevereiro é o dia mundial de luta
contra LER e Dort. Dois tipos de enfermidades que estão na pauta da Organização
Mundial de Saúde (OMS) desde 2000. Tanto que a organização designou o período
de 2001 e 2010 como a década do osso e da articulação, sugerindo a realização
de debates e revisões desses temas relacionados ao mundo do trabalho e
cotidiano.
Não é de hoje, entretanto, que lesões
invisíveis se espalham nos punhos, braços, ombros, colunas de trabalhadores em
todo mundo. Mas o aumento de casos de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e os
Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (Dort) tem sido
exponencial nos últimos anos.
Especialistas indicam que essa epidemia
seja resultado das mudanças vividas no mundo do trabalho ao longo das três
últimas décadas. O ritmo do trabalho tem sido intensificado e a jornada
aumentada. Tal situação foi e tem sido possibilitada pelo amplo processo de
informatização do trabalho. O quadro fica ainda mais catastrófico para os
trabalhadores com a redução de direitos sociais.
Um trabalhador lesionado em decorrência
de sua atividade laboral encontra cada vez mais dificuldade para obter o
benefício da Previdência Social. Não é para menos que muitos acionam o INSS
judicialmente.
Essa realidade, que pertencia ao
universo fabril e de instituições financeiras, tem se tornado comum dentro do
serviço público. Isso por que as condições de trabalho do funcionalismo estão
cada vez mais precárias aliadas às pesadas metas e pressões de toda sorte.
O número de trabalhadores lesionados
cresce em todo o mundo, e o quadro tende a piorar por conta da crise econômica
mundial. Desde 2008, empresas, bancos, escritórios, fábricas intensificaram
seus processos de reestruturação, demitindo trabalhadores, aumentando jornadas
laborais, investindo menos em ergonomia e melhores condições de trabalho.
Os governos, de suas partes, têm
reduzido direitos sociais. Basta um olhar rápido para as reformas nos países
europeus para ter uma dimensão do que estamos falando. Aqui no Brasil, por
exemplo, apesar de não ter acontecido uma nova reforma da previdência aos
trabalhadores do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o governo Dilma
Rousseff (PT) tem isentado vários setores da economia da contribuição
previdenciária.
Com menos recursos em caixa, a
previdência social dificultará ainda mais a vida dos trabalhadores lesionados.
E essa também será uma realidade no serviço público, sobretudo para aqueles
trabalhadores que tiverem suas aposentadorias relacionadas ao Funpresp.
28 de fevereiro é o dia mundial de luta
contra a LER e DORT. Mais do que uma celebração, que essa data seja um momento
de reflexão para que possamos atuar sobre o mundo. Não é uma tarefa fácil, e é
uma tarefa urgente.
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