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    OAB faz ato contra conservadorismo de juízes e defende CNJ

    31/01/2012

    -

    16h40

    FILIPE COUTINHO

    DE BRASÍLIA

    Na véspera de o STF (Supremo Tribunal Federal) levar a julgamento o

    alcance das investigações do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a OAB

    (Ordem dos Advogados do Brasil) realizou nesta terça-feira (31) um ato

    em defesa do órgão e contra o "conservadorismo dos juízes que se acham

    inalcançáveis".

    A manifestação contou com a presença de advogados, senadores e juristas,

    além de conselheiros do CNJ e do ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim,

    presidente do STF à época da criação do órgão.

    Jobim criticou a disputa política em torno do CNJ e dos juízes que

    "radicalizam". "Não é só um problema de conduta, é um problema de

    conflito que se mantém nos tribunais estaduais. É a tentativa de

    radicalizar a autonomia como se fossem repúblicas livres de controle.

    Essa é uma discussão política, o retorno aos velhos autonomismos

    estaduais."

    Promotor de carreira, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que

    conseguiu 54 assinaturas para colocar em votação uma proposta de emenda à

    Constituição para garantir os poderes do CNJ, para que o órgão não

    fique"manco"."O corregedor não pode ser apenas um distribuidor. Nunca

    foi tratado o CNJ como uma corregedoria subsidiária aos tribunais."

    O evento ocupou dois andares da sede da OAB em Brasília. O CNJ é centro

    de polêmica após o STF, em caráter liminar, suspender os poderes de

    investigação da corregedoria do órgão, que investigava magistrados antes

    dos corregedores dos próprios tribunais.

    A ação foi movida por associações de juízes, que criticam a postura da

    corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon. Os juízes

    defendem que o CNJ só possa investigar após as corregedorias locais. A

    ministra, por sua vez, rebate e defende os poderes de investigação. "O

    que está realmente em jogo é a sobrevivência do CNJ. Esse é o verdadeiro

    ovo da serpente", justifica a ministra.

    No discurso desta terça-feira, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante,

    disse que o CNJ deve ter poderes de investigar magistrados independente

    das corregedorias locais. "Autogestão deve prevalecer. Mas isso não

    significa que nós criemos uma casta do Estado que não possa sofrer um

    controle como o do CNJ" , afirmou.

    Segundo o presidente da OAB, caso o STF mantenha a liminar e delimite

    que o CNJ apenas investigue após as corregedorias locais, serão

    beneficiados os magistrados "que não honram a toga" . "Queremos um

    Judiciário arraigada a conceitos conservadores, a caixa-preta

    impermeável? Essa visão conservadora, de juízes e tribunais

    inalcançáveis, deve ceder a um ideal republicano", disse Cavalcante.

    Para o jurista Hélio Bicudo, o interesse das associações dos juízes é

    diferente do CNJ."As entidades atendem aos interesses de seus

    associados, enquanto o CNJ atende os anseios da sociedade."

    O ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, disse que é"contra a

    lógica" o CNJ receber reclamações e não julgá-las. "O CNJ seria um mero

    guichê, um poupatempo dos tribunais?", disse.

    Entidades divulgam carta de apoio ao CNJ

    Uma carta aberta em defesa da atuação do CNJ (Conselho Nacional de

    Justiça) assinada por cerca de 200 ONGs, ligadas principalmente à área

    dos direitos humanos, será divulgada nesta terça-feira (31) e enviada

    nos próximos dias ao STF (Supremo Tribunal Federal).

    No documento, as entidades pedem transparência ao Judiciário e defendem a

    prerrogativa do CNJ de investigar os tribunais e magistrados.

    R$ 6,4 mi em doações do CNJ a tribunais estaduais desapareceram

    Representantes de TJs apoiam limite ao CNJ

    O assunto está sob polêmica desde o final do ano passado, quando o

    ministro Março Aurélio, do STF, concedeu decisão liminar limitando o

    poder do CNJ. Nesta quarta, o plenário do STF deve julgar a os poderes

    de investigação do CNJ.

    "A tentativa de esvaziamento das funções da corregedoria do CNJ sinaliza

    para o passado e para o distanciamento entre magistratura e sociedade. A

    volta para o modelo de corregedorias locais significa, na prática,

    regredir para uma cultura e estrutura administrativa de notória

    ineficácia, sem credibilidade social", diz a carta.

    As entidades que encabeçam o documento são a JusDH (Articulação, Justiça e Direitos Humanos) e a Terra de Direitos.

    Entre as entidades que assinam está o MST (Movimento dos Trabalhadores

    Rurais Sem Terra), a Abong (Associação Brasileira de Organizações

    Não-Governamentais) e a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays,

    Bissexuais, Travestis e Transexuais).

    Há ainda cerca de 200 pessoas físicas que também apoiam a carta. Entre

    os nomes estão o jurista Fábio Konder Comparato e o sociólogo Emir

    Sader.

    A carta será entregue tanto ao STF como a outros órgãos, como o próprio

    CNJ, PGR (Procuradoria-Geral da República) e OAB (Ordem dos Advogados do

    Brasil). Um ato público programado para hoje na OAB, em Brasília,

    marcará a entrega.

    Fonte: Folha UOL

    Postado por Perlato

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/oab-faz-ato-contra-conservadorismo-de-juizes-e-defende-cnj/3005313

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